Enduro a Pé

Introdução

Esportes de Aventura e o Enduro a Pé

    O movimento esportivo caracterizado como Esportes de Aventura continua crescendo a cada ano. Novas modalidades surgem e concomitantemente aumenta o número de adeptos a essas práticas. Chamados de Esportes Radicais, Esportes de Ação, Eco-esportes e Esportes da Natureza, são de difícil caracterização, pois englobam uma variabilidade de distintas atividades (como o sky surf, o rafting e o trekking), nos mais diversos ambientes, tendo suas práticas disseminadas no esporte de desempenho, no esporte-lazer e/ou no esporte-educação.

    As diversas modalidades esportivas de aventura podem proporcionar os mesmos benefícios de uma prática esportiva tradicional, como os relacionados à saúde e à qualidade de vida, com a conseqüente melhoria da auto-estima, auto-imagem, redução do estresse, entre outros. Embora os Esportes de Aventura estejam associados à riscos, ao perigo - o próprio termo 'aventura' tem como significado 'ação arriscada, risco'- na maioria desses esportes a possibilidade de ocorrência de um evento indesejado com potencial de causar algum dano ao praticante é igual a qualquer modalidade esportiva tradicional.

    Neste artigo estaremos apresentando o Enduro a Pé -um esporte de aventura criado no Brasil no início da década de 90 que consiste em uma competição de caminhada realizada prioritariamente em ambientes naturais. A importância desta modalidade recai para a incorporação de um estilo de vida ativo, para a promoção da socialização e para os inúmeros outros benefícios advindos da prática regular de atividade física.


O Enduro a Pé como um fator motivador para a vida ativa

    O esporte é um direito de todos, garantido no art. 217 da Constituição Federal do Brasil e suas manifestações abrangem o esporte de desempenho, o esporte-lazer e o esporte-educação. Tubino (1999) esclarece que os esportes de desempenho (também conhecido como esportes de alto nível) são institucionalizados, sendo disputados pelos mais aptos e obedecendo rigidamente às regras e códigos específicos de cada modalidade. Já no esporte-lazer não há compromisso com as regras, sendo o seu objetivo a promoção do bem-estar de seus praticantes. Nessa manifestação esportiva não se privilegia o talento e sim a participação, permitindo deste modo, o acesso de todos. O esporte-educação possui um caráter formativo, sendo um processo educativo de preparação dos jovens para o exercício da cidadania, podendo ser desenvolvido na escola ou fora dela.

    Embora conceitualmente o esporte de desempenho seja uma manifestação em que prevalecem os talentos esportivos e, além disso, possua a necessidade de um árduo e contínuo programa de treinamentos para a obtenção de êxito (o que por si só exclui uma parcela significativa da população que não tem tempo disponível e nem condições físicas ou habilidades para tal), não significa que não exista o desejo das pessoas - mesmo que induzido pela mídia ou por amigos - de participarem de competições, de viverem/vivenciarem as tensões e distensões de um jogo, de obterem as glórias resultantes de uma vitória, de ganharem um troféu ou uma medalha.

    Dentro do complexo e multidimensional processo que pode resultar na adesão a uma vida ativa, vislumbramos, pelas suas características, que o Enduro a Pé pode trazer uma importante contribuição, pois se trata de uma competição de caminhada, sendo esta uma atividade de fácil execução, com poucas contra-indicações e, portanto, podendo ser praticada por pessoas de diferentes faixas etárias e competências motoras.


Conhecendo o Enduro a Pé

1. Surgimento:

    Os idealizadores desse esporte adaptaram os regulamentos dos enduros de Jipe à caminhada ecológica. A primeira competição que se tem conhecimento ocorreu em 1992, em São Paulo, na Serra da Cantareira. Atualmente são 29 competições no país, espalhadas por 10 estados, atraindo por mês aproximadamente 7 mil atletas. São 4 as federações estaduais e em 2005 foi fundada a Confederação Brasileira de Enduro a Pé (COBEPE).


2. O que consiste:

    O Enduro a Pé é uma competição em equipe, compostas de 3 a 6 pessoas (independente do sexo ou faixa etária), e se resume em realizar a pé determinado percurso disposto em uma planilha, no tempo estipulado. A organização do evento elabora um trajeto e insere em uma planilha as informações necessárias para a interpretação do caminho a ser seguido, tais como: as distâncias, a descrição do ambiente, direções e velocidades médias. Isso permite que as equipes calculem o tempo exato de passagem em cada referência. A largada é escalonada - geralmente há um espaço de 2 a 3 minutos entre as equipes e as aferições de tempo são realizadas por Postos de Controle (PC's) colocados estrategicamente ao longo do percurso. Os PC's são integrantes da organização que registram a hora, o minuto e o segundo em que as equipes passam no ponto em que estão baseados. O Enduro a Pé é um esporte de regularidade, ou seja, a equipe vencedora não será a mais veloz, e sim a que passar pelos PC's no tempo mais próximo do ideal. Em cada segundo adiantado ou atrasado há uma perda de determinado número de pontos, sendo vitoriosa a equipe que perder o menor número de pontos. Portanto, o que importa não é a intensidade ou o melhor preparo físico, mas sim a regularidade ao longo do percurso. As velocidades médias (em metros por minuto) são determinadas de acordo com as peculiaridades do terreno e/ou do clima e definidas de tal modo que os competidores 'apenas' caminhem, ou seja, não se utilizem da corrida. Isso faz com que este esporte possa ser praticado em iguais condições por pessoas de várias faixas etárias e níveis de condicionamento físico. Outro fator positivo é o baixo custo para a prática do Enduro a Pé, contrastando com a maioria dos esportes de aventura em que se alicerçam em equipamentos tecnológicos caros, tornando essas atividades inacessíveis para grande parte da população. De um modo geral, para a prática do Enduro a Pé é suficiente a utilização de uma calculadora comum, de um relógio e uma bússola, o que torna maior a possibilidade de adesão à sua prática.